Uriel Horta e Gustavo Carvalho da PEXTRON®
Sumário
A operação segura de disjuntores de média tensão nas instalações de interligação de geração distribuída com a rede de distribuição da concessionária é fundamental para a integridade dos operadores e a confiabilidade do sistema elétrico. Este artigo aborda os riscos associados às manobras de disjuntores, destacando a possibilidade de arcos elétricos, falhas de equipamentos, projeção de fragmentos e erros operacionais. Como alternativa eficaz de mitigação, apresenta-se uma lógica de temporização para as manobras dos disjuntores, uma funcionalidade implementável em modernos relés digitais. Essa lógica insere um atraso intencional entre o comando e a atuação do disjuntor, permitindo o afastamento seguro do operador antes da manobra. Os benefícios incluem maior segurança, redução da exposição a riscos e padronização de procedimentos. Conclui-se que essa medida representa uma prática proativa de segurança operacional, com potencial para elevar os padrões técnicos das instalações e proteger os profissionais envolvidos.
Introdução
As instalações de conexão de geração distribuída com a rede de distribuição de energia das concessionárias exigem rigorosos protocolos de segurança para proteger tanto os operadores quanto os equipamentos. A segurança dos operadores durante manobras de disjuntores é um fator crítico para evitar acidentes.O risco de arco elétrico e falhas nos equipamentos, podem expor o operador a situações perigosas caso ele esteja posicionado em frente ao painel no momento do comando manual de abertura ou fechamento do disjuntor.
Para mitigar esse risco, a implementação de uma lógica temporizada para o comando de abertura e de fechamento dos disjuntores emerge como uma estratégia eficaz, proporcionando tempo adicional para que os operadores se afastem da frente dos painéis de controle.
Riscos em Manobras Manuais de Disjuntores
Durante manobras em sistemas elétricos de média tensão, alguns riscos são frequentemente identificados e podem ocorrer:
Arcos elétricos: Falhas ou conexões soltas em equipamentos, podem gerar arcos elétricos intensos, liberando calor e energia que podem causar queimaduras e lesões.
Falhas do equipamento: Ausência de manutenção em disjuntores ou seus circuitos associados podem levar a falhas durante manobras, podendo resultar em até mesmo em explosões.
Projeção de fragmentos: Podem ser lançados a altas velocidades caso ocorra um evento interno catastrófico.
Choque elétrico: Possibilidade de contato acidental com partes energizadas.
Erros humanos: A pressão e a complexidade das manobras podem levar a erros humanos, como comandos incorretos ou falta de atenção aos procedimentos de segurança.
A figura 1 abaixo, mostra duas imagens: a) operador efetuando manobra de disjuntor de média tensão e b) ocorrência de arco elétrico.
Fig 1- a) Manobra de disjuntor de média tensão e b) presença de arco elétrico
A implementação de temporização nas ações de comando dos disjuntores reduz significativamente os riscos, ao permitir que o operador se afaste da zona de exposição antes da operação
A Lógica de Temporização
A lógica de temporização pode ser implementada em modernos relés de proteção digitais e consiste em introduzir um atraso intencional entre o comando, de abertura ou de fechamento, através do relé e a efetiva operação do disjuntor. Esse atraso, tipicamente de alguns segundos, permite que o operador se afaste da área de risco antes que o disjuntor seja acionado.
A figura 2 mostra um relé de proteção digital aplicado em minigeração distribuída e que incorpora a função de comando de disjuntores, na qual a lógica de retardo pode ser inserida.
Fig 2: Moderno relé de proteção para interligação de geração distribuída
O projeto da instalação pode incluir um feedback visual e sonoro para indicar que a manobra foi realizada com sucesso. Os benefícios desta implementação incluem
Redução do risco de lesões: O tempo adicional permite que os operadores se afastem da frente dos painéis, minimizando a exposição a arcos elétricos e falhas de equipamento.
Aumento da segurança: A temporização introduz uma camada adicional de segurança, garantida por procedimento e tecnologia, reduzindo a dependência da velocidade de reação do operador e das vestimentas.
Aumento da confiança: Os operadores se sentem mais seguros ao realizar manobras, o que pode levar a um desempenho mais preciso e eficiente.
Padronização de procedimentos: A temporização pode ser integrada aos procedimentos operacionais padrão, garantindo a consistência e a segurança em todas as manobras.
Considerações Importantes
A implementação de uma lógica temporizada para comandar disjuntores de média tensão é uma solução eficaz para eliminar riscos de acidentes, protegendo a integridade dos profissionais e garantindo maior confiabilidade na operação das instalações.
O tempo de atraso deve ser cuidadosamente calculado para garantir que seja suficiente para o afastamento seguro do operador, mas não tão longo a ponto de comprometer a operação do sistema.
A lógica de temporização deve ser acompanhada de sinalizações visuais e sonoras para alertar os operadores sobre o fechamento do disjuntor.
Os operadores devem ser treinados para seguir os procedimentos de segurança e utilizar corretamente a lógica de temporização.
Conclusão
A implementação da lógica de temporização para o comando de disjuntores é uma medida de segurança eficaz que pode reduzir significativamente os riscos para os operadores de subestações. Investir nesse tipo de solução é uma medida proativa que alinha segurança, tecnologia e boas práticas operacionais, prevenindo acidentes e melhorando a eficiência das instalações elétricas.
